A festa já não e mais a mesma ?
, É celebrada a festa em louvor à protetora da visão,
Santa Luzia. A celebração, que integra o calendário das festas populares da
capital, é marcada pela realização de missas na Igreja Nossa Senhora do Pilar
e pela pequena procissão nas ruas do Comércio. A Festa de Santa Luzia é
apontada por antropólogos e historiadores como o principal exemplo da fase de
decadência que atinge as manifestações populares da capital.
A Salvador que Jorge Amado romanceou, Dorival Caymmi cantou e Pierre
Verger fotografou não é mais a mesma, assim como as suas tradicionais festas
de largo. Ao longo dos últimos 40 anos, as manifestações do chamado
“grande ciclo de festas populares do verão baiano” passaram por diversas
transformações, desde a estética de suas barracas até o perfil dos
frequentadores.
A comerciante Ana Rita Silva, 57 anos, lembra com saudosismo e
tristeza da época em que acompanhava a mãe, dona da Barraca da Índia, nas
festas de largo. “A Festa de Nossa Senhora da Conceição da Praia, por
exemplo, era só no dia 8, mas chegávamos ao dia 27 de novembro com a
estrutura de madeira toda montada para vender bebidas e quitutes. Era um
tempo muito bom, minha mãe conseguia sustentar os 12 filhos só com a venda
nas festas populares”, relembrou Ana Rita, que herdou o ofício da mãe.
Transformações - Hoje, o cenário da festa é o mesmo, porém a
essência é bem diferente. Em 1970, uma das marcas registradas da Festa de
Nossa Senhora da Conceição da Praia, por exemplo, eram as barracas feitas de
madeira e decoradas de diversas maneiras pelos comerciantes. Além de bebidas
e comidas típicas, frutas da época vindas da região do Recôncavo baiano
também eram comercializadas. As apresentações de samba de roda, maculelê e
capoeira disputavam espaço nas ruas.
“Antes, eu não conseguiria nem dar essa entrevista, tamanho era o
número de pessoas que estavam nas ruas. Sem contar que a festa não tinha hora
para terminar, raiávamos o dia celebrando”, comentou o chapista Aílton Moreira, 77 anos.
Decadência - Densidade demográfica, massificação, privatização,
fragmentação de grupos sociais, violência e infraestrutura precária são
fatores que contribuíram para o esvaziamento e, em alguns casos, a decadência
das festas de largo, segundo apontam antropólogos e historiadores.
“A Festa de Santa Luzia é a que está mais decadente. A Salvador
antiga (Centro), onde se concentra a maioria das festas, decaiu, e a
tendência é que ocorra o mesmo com as festas que aconteciam nessa região. Por
exemplo, quem está em Camaçari vai fazer o que na festa da santa Luzia ? As
festas vão encolhendo, empobrecendo e se perdendo nesse mata extensa da
região metropolitana”, destacou o antropólogo Roberto Albergaria.
“Ao mesmo tempo em que há a decadência, há uma pulverização das
festas. Hoje, com um carro de som é possível se fazer a festa em qualquer
lugar. É a substituição das festas tradicionais pelas festas pós-modernas”,
completou.
Fonte: A Tarde
|
com algumas alterações .
Nenhum comentário:
Postar um comentário