sexta-feira, 23 de março de 2012


                             A festa já não e mais a mesma ? 


                                                               No dia13 de dezembro 
 , É celebrada a festa em louvor à protetora da visão, Santa Luzia. A celebração, que integra o calendário das festas populares da capital, é marcada pela realização de missas na Igreja Nossa Senhora do Pilar e pela pequena procissão nas ruas do Comércio. A Festa de Santa Luzia é apontada por antropólogos e historiadores como o principal exemplo da fase de decadência que atinge as manifestações populares da capital.

A Salvador que Jorge Amado romanceou, Dorival Caymmi cantou e Pierre Verger fotografou não é mais a mesma, assim como as suas tradicionais festas de largo. Ao longo dos últimos 40 anos, as manifestações  do chamado “grande ciclo de festas populares do verão baiano” passaram por diversas transformações, desde a estética de suas barracas até o perfil dos frequentadores.

A comerciante Ana Rita Silva, 57 anos, lembra com saudosismo e tristeza da época em que acompanhava a mãe, dona da Barraca da Índia, nas festas de largo. “A Festa  de Nossa Senhora da Conceição da Praia, por exemplo, era só no dia 8, mas chegávamos ao  dia 27 de novembro com a estrutura de madeira toda montada para vender bebidas e quitutes. Era um tempo muito bom, minha mãe conseguia sustentar os 12 filhos só com a venda nas festas populares”, relembrou Ana Rita, que herdou o ofício da mãe.
Transformações -  Hoje, o cenário da festa é o mesmo, porém a essência é bem diferente. Em 1970, uma das marcas registradas da Festa de Nossa Senhora da Conceição da Praia, por exemplo, eram as barracas feitas de madeira e decoradas de diversas maneiras pelos comerciantes. Além de bebidas e comidas típicas, frutas da época vindas da região do Recôncavo baiano também eram comercializadas. As apresentações de samba de roda, maculelê e capoeira disputavam espaço nas ruas.

“Antes, eu não conseguiria nem dar essa entrevista, tamanho era o número de pessoas que estavam nas ruas. Sem contar que a festa não tinha hora para terminar, raiávamos o dia celebrando”, comentou o chapista Aílton Moreira, 77 anos.
Decadência - Densidade demográfica, massificação, privatização, fragmentação de grupos sociais, violência e infraestrutura precária são fatores que contribuíram para o esvaziamento e, em alguns casos, a decadência das festas de largo, segundo apontam antropólogos e historiadores.

“A Festa de Santa Luzia é a que está mais decadente. A  Salvador antiga (Centro), onde se concentra a maioria das festas, decaiu, e a tendência é que ocorra o mesmo com as festas que aconteciam nessa região. Por exemplo, quem está em Camaçari vai fazer o que na festa da santa Luzia ? As festas vão  encolhendo, empobrecendo e se perdendo nesse mata extensa da região metropolitana”, destacou o antropólogo Roberto Albergaria.
“Ao mesmo tempo em que há a decadência, há uma pulverização das festas. Hoje, com um carro de som é possível se fazer a festa em qualquer lugar. É a substituição das festas tradicionais pelas festas pós-modernas”, completou.

Fonte: A  Tarde
 com algumas alterações .

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