MATRIZ DE NOSSA SENHORA DO PILAR E CEMITÉRIO ANEXO
Situa-se a igreja na parte baixa da cidade, próxima ao porto, no sopé da
Montanha que divide a cidade em dois níveis. Na vizinhança da igreja estão
situados grandes armazéns e sobrados convertidos em pardieiros. A igreja
integra a zona de preservação rigorosa (GP-1) estabelecida pela Lei
Municipal nº 2.403 de 23.08.1972 e a encosta da Montanha é considerada área
"non aedificandi" (GP-1) pelo Decreto Municipal nº 4.524 de
01.11.1973.
Edifício de notável mérito arquitetônico. A igreja é precedida de um amplo
adro, à direita do qual se encontra, em cota mais elevada, o cemitério da
Irmandade de feição neo-clássica. Portal e cercaduras de janelas da igreja
são de lioz talhados em Lisboa. O teto da nave foi pintado por José Teófilo
de Jesus (Ca 1837). Existem azulejos do período 1750/60 de diferentes
oficinas portuguesas. Os painéis de azulejos da nave são atribuídos à
oficina do Juncal; os da capela-mor possuem cercadura rococó e fundo
marmoreado azul. Existem ainda azulejos nos corredores laterais à
capela-mor e na sacristia também de gosto rococó. Dentre a imaginária,
destaca-se a imagem de Santa Luzia, do séc. XVIII. A igreja é rica em
alfaias, possuindo coroa com 140 brilhantes, diadema de ouro proveniente do
Porto, além de custódias e cálices.
Esta é uma das raras igrejas baianas a apresentar um alongamento da planta,
que foi a preocupação dos arquitetos mineiros, possivelmente inspirados na
igreja de S. Paulo de Braga (Portugal) do final do séc. XVII. Os corredores
laterais foram suprimidos ao longo da nave e reduzidos a estreitas ligações
ao longo da capela-mor que conduzem à sacristia transversal. Esta
disposição é adotada também nas igrejas dos conventos franciscanos do
Nordeste. Sua fachada (Ca 1770) apresenta portas e janelas coroadas por frontões
retilíneos e curvilíneos sem entablamento, executados em lioz de Lisboa,
onde começava a florescer o espírito arquitetural que conduziria ao
neo-clássico. Esta tendência, também notada em outras igrejas do mesmo
período, como Conceição e Santana, não vingaria na Bahia, a não ser no
século seguinte, na decoração interior. O frontão do corpo principal
apresenta um tratamento rococó dos mais requintados e comprova a não
aceitação na Bahia dos modelos que empolgavam Lisboa na época. A terminação
da torre se assemelha às coberturas à Mansard, também notadas nas igrejas
do convento do Carmo e Santana. O cemitério sob a influência do
neo-clássico tomou a forma de um monumental pórtico eneástilo.
Histórico arquitetônico: Frei Agostinho de Santa Maria informa que os
fundadores da igreja foram Pe. Pascoal Duram de Carvalho, João Heitor e
Manoel Gomes; 1718 - A Irmandade foi instituída e teve aprovação do seu
compromisso em 1719; 1739 - Contribuição real para a edificação da
capela-mor. Bazin acredita que a igreja tivesse sido iniciada nesse ano;
1756 - Decisão municipal autoriza desmontar encosta para construção do adro
da igreja; 1770 - Execução do frontispício, segundo documento da Santa Casa
de Misericórdia, citado por Bazin; 1796 - José Joaquim da Rocha faz o
douramento e pintura da sacristia e seis painéis; 1798 - Fatura da cornija;
1799 - Encomenda a Felipe Ribeiro Filgueiras pedra do Reino para lajear a
igreja e soleira das portas. Edificação do cemitério; 1834 - executados 8
painéis e douramento da talha por José Téofilo de Jesus; 1837 - Pintura do
forro por José Téofilo de Jesus; 1838/39 - Encomendados a Joaquim Francisco
de Mattos 4 altares da nave, 6 tribunas, 2 púlpitos, talha do coro, portas,
molduras para painéis e obras do batistério; 1843 - Desabamento de terra
arruina o consistório e retarda douramento da talha; 1848 - Douramento das
novas talhas por Manoel Joaquim Lino; 1902 - Construção de dois novos
altares laterais em gesso; 1903 - Substituição das grades de madeira do
batistério por ferro.
Fonte: Cd-room IPAC-BA: Inventário de proteção do acervo cultural da Bahia,
Bahia, Secretaria de Cultura e Turismo.
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